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terça-feira, 5 de abril de 2016

A ALDEIA E A BOLA

                                                      
                                           
                                                                                                                Wikipédia
Não era um jogo qualquer de futebol. Eram vinte e dois índios jogando bola. E não jogavam mal. Até o apitador era índio. E apito de índio merece respeito!
Embora chamasse a atenção o contraste rústico-fashion-pop das meias e calções com marcas famosas, os rostos, no entanto, estampavam fortes cores, exaltando as rugas entre faixas de tinta de urucum. Além de um certo cheiro de cachaça no ar... 

Não era um jogo qualquer de futebol. Os índios jogavam bola!
Falavam em tupi-guarani. Xingavam e brigavam em tupi-guarani.
Confesso que foi uma cena um tanto inesperada para a minha primeira visita a uma aldeia indígena em Bertioga, litoral de São Paulo, a convite de um casal amigo que havia “adotado” um indiozinho.

Depois de passar pelo campo de futebol, onde a bola rolava em terra batida, um tortuoso e inóspito caminho veio a seguir. Sem flores. Apenas cercas, com pedágios clandestinos. E não adiantava oferecer espelhinho. Era cinco reais para passar. Ordem do Cacique!  E logo a frente, um colégio depreciado pelo tempo a espera de recursos.

No final da aldeia, pequenas ocas, de onde saiam fumaça e crianças nuas que cheiravam a fumaça... Nenhum sinal de pesca ou atividade qualquer. Os índios apenas descansam a espera de ajuda.
E jogam futebol adoidado! As mulheres fazem balaios pra vender na Rio-Santos. Vendem também helicônias vermelhas e amarelas para enfeitar os vasos dos turistas. Comprei um DVD com danças e cantos tribais para lembrar das velhas tradições...

Mas o futebol estava vivo. Firme e forte. Porque sábado na Aldeia é assim. Cheio de curumim. E as índias, encontram os maridos no final da partida.

O futebol é para todos. Cacique e indiozinho no mesmo bate bola. Pajé e as mulheres do Pajé na torcida tupi-guarani. É o futebol do Brasil. Do porre do indiozinho que veste Nike.
Do 7 a 1 na cabeça. E de muita cachaça pra esquecer...

Porque a bola, amigos, a bola é democrática.
A bola rola sem distinção. Sem preconceito. Sem raça. Sem cor.

A bola é redonda. A bola é a aldeia. A bola é o mundo. 

Vasto. Injusto. Inexplicável... e de repente,
GGGGGol da Alemanha! 
 
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7 comentários:

  1. Adorei o post de hj, já esperando a próxima quarta!!! 🌹😘

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  2. Eu quero... adorei o posto... Parabéns quanta sensibilidade na descrição dos detalhes

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  3. Sincera fotografia de um povo à beira da sociedade. Parabéns

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  4. A bola é a aldeia. A bola é o mundo. Seu texto nos traz lindas ideias e imagens.

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