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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

ESTAÇÃO SOLIDÃO

 
Nada encerra mais a angústia e a tristeza humanas do que o rosto dos solitários no trem da estação. Eles carregam seus tristes semblantes aonde vão. Nos metrôs. Nos ônibus. Em cada vagão. É doído perceber...
Sentadas nos cantos, mulheres carregam bolsas e mágoas. Dos filhos, dos genros, cunhadas. Em pé, um homem desempregado. São tantos hoje em dia. Angustiados. Ar de melancolia.
Cada tristonho no seu canto. Desiludidos, com o olhar distante. Ou quem sabe, num mundo perdido. Muitos olham pro chão. Na estação solidão!
Acho tristes e ao mesmo tempo tão belos, esses rostos sofridos das pessoas no metrô. Retrato de suas vidas, aventuras e amarguras contadas em rugas.  
Quando entrei no vagão às seis da tarde, o velhinho curvado já estava sentado olhando fixamente para o nada. O que ele pensava? O que dizia? Ainda sonhava? Conversava consigo mesmo, tentando se convencer. Reclamava de quem?
Talvez faltasse um ouvido ao lado. Um amigo. Um abrigo. Um som. Ou, uma boa dose de conhaque do bom!  
O trem partiu para a próxima estação. Um fingiu. Outro dormiu. A cabeça caiu. Entortou. E o velhinho prosseguiu resmungando sei lá de quê. Torci pra que alguma criança entrasse gritando. Chorando. Esperrneando. Ou cantando alguma coisa idiota qualquer. Não. O silêncio era o anfitrião. Cada um que entrava, se calava...
E o velhinho continuou sozinho no seu cantinho até a última estação. Depois, saiu carregando seu pacote pesado de dissabores, nas costas e no coração.
Triste espelho humano, no vagão!


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4 comentários:

  1. Adorei o simbólico na foto. Destino:Luz. Parabéns, querida

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  2. Só quem olha as estrelas pode perceber...caro poeta! Obrigada!

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  3. Não só as estrelas, mas também as orquídeas no caminho... um curso de rio...as ondas do mar...
    Poeta, nasce com outros olhos! Uma outra visão! Seja triste ou alegre!

    Parabéns Inês!

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  4. Como há coisas para se observar não? P/ um pensador então..

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